sábado, 29 de dezembro de 2007

Água

Nome comum que se aplica ao estado líquido do composto de hidrogênio e oxigênio, H2O. Em um documento científico apresentado em 1804, o químico francês Joseph Louis Gay-Lussac e o naturalista alemão Alexander von Humboldt demostraram, conjuntamente, que a água consistia em dois volumes de hidrogênio e um de oxigênio, tal como se expressa na fórmula atual H2O.


A escala termométrica centesimal, (Celsius), tem a água como base, no que diz respeito a seu ponto de fusão 0º e ebulição 100 ºC.

A água, o mais importante dos constituintes inorgânicos, é indispensável à vida. É o componente celular mais abundante, tem um grande poder solvente e tem a capacidade da ionização.

CONSTITUI mais de 70% do organismo humano, participando praticamente de todas as funções necessárias à vida. Depois do oxigênio, é da ausência de água que mais se ressente o organismo, daí a importância de manter a hidratação normal dos tecidos. Nunca permitir que a quantidade de água eliminada pelos emunctórios naturais (em urina, fezes, suor e respiração) exceda à soma da água ingerida (água natural, água da composição de alimentos, água de preparação de sopas, infusões, etc.). Em circunstâncias especiais (calor, exercício, febre, diarréia, vômitos etc.), em que aumenta a perda de água, exige o organismo reposição equivalente às perdas, para restabelecer o equilíbrio orgânico. Portanto é variável a quota diária de água aconselhável por pessoa.

FUNÇÕES DA ÁGUA

A ÁGUA COMO SOLVENTE:

A Água é um excelente solvente, capaz de dissolver grande variedade de substâncias químicas, tais como sais, gases, açúcares, aminoácidos, proteínas e ácidos nucléicos.

A polaridade da água explica sua versatilidade como solvente. Suas moléculas podem se associar tanto a íons positivos, através de sua parte negativa, quanto a íons negativos, através de sua parte positiva.


- Solvente universal: - Atua como dissolvente da maioria das substâncias celulares. É o líquido em que estão dispersas as partículas do colóide celular. É fundamental para as reações químicas que ocorrem no organismo.


Exemplo: participa das reações de hidrólise na matéria viva.

- Transporte: - Transporta substâncias dentro ou fora da células. É uma via de excreção, ou seja, arrasta para fora do corpo as substâncias nocivas produzidas pelo indivíduo, assim como as que estão em excesso.

- Termorregulação: - É importante fator de termorregulação dos seres vivos. 0 calor específico da água (ou seja, número de calorias necessárias para elevar a temperatura de 1 grama de água de 14,5'C para (15,5'C) é o valor mais alto entre os solventes comuns, ou seja, igual a 1. Sabemos, experimentalmente, que quanto maior o calor específico de uma substância, menores variações de temperatura ela experimenta pois, quando se fornece calor a tal substância, determinada quantidade de calor é absorvida. Graças a isso, a água contida nos organismos vivos conserva, praticamente, constante a temperatura de tais organismos em relação ao seu ambiente. Deve-se, provavelmente, a tal propriedade o fato de terem sido os oceanos o meio ideal para a origem da vida e para a evolução das formas mais primitivas de seres vivos.

- Equilíbrio Osmótico: - Atua na manutenção do equilíbrio osmótico dos organismos em relação ao meio ambiente.

- Hidrólise: - Participa das reações de hidrólise no protoplasma.

Constitui ainda a fase dispersante do colóide protoplasmático, onde as proteínas representam a fase dispersa.

Age também como lubrificante, diminuindo o desgaste de regiões de grande atrito. Exemplo: nas articulações.

EXIGÊNCIAIS NUTRICIONAIS DETALHADAS

Influem na manutenção do equilíbrio orgânico fatores climáticos (temperatura, umidade, relativa pressão), exercícios físicos, tipo de roupa, certas dietas, maior ou menor administração de NaCl, concentração de solutos etc. Água deve ser dada ad libitum (à vontade)

Teoricamente o adulto necessita, em média, 1 ml de água, por quilocaloria ingerida, enquanto o bebê precisa de 1,5 ml de água por quilocaloria (150 ml /100 kcal).

ESTRUTURA MOLECULAR DA ÁGUA

Uma molécula de água consta de três átomos, dois átomos de hidrogênio ligados a um átomo de oxigênio (H2O). Sua capacidade de dissolver um grande número de substancias impede que ela se encontre pura na natureza. Cada 1.000g de água pura contem 888g de oxigênio e 112g de hidrogênio.

A molécula de água é polarizada: o átomo de oxigênio tem carga negativa parcial, simbolizada por δ­, e os átomos de hidrogênio têm carga positiva parcial, simbolizada por δ+.

Pontes de hidrogênio:

Muitas propriedades da água decorrem da polaridade de suas moléculas. Os hidrogênios de um molécula são atraídos pelos oxigênios das moléculas vizinhas, estabelecendo-se entre elas um tipo de ligação química chamada ponte de hidrogênio.

EFEITOS BIOLÓGICOS DA ÁGUA


Origem- quanto à origem, a água do organismo pode ser:

Endógena - Aquela proveniente das reações químicas que ocorrem no próprio organismo, com liberação de água.
Exemplo: água liberada durante a síntese de proteínas, polissacarídeos, lipídios e ácidos nucléicos e, ainda, no final da respiração celular.

Exógena - Aquela proveniente da ingestão.
Exemplo: água contida nos alimentos ingeridos.


Quantidade- a taxa de água de um organismo varia em função de três fatores básicos: atividade de tecido ou órgão, idade do organismo e espécie estudada.

- Atividade: Normalmente, quanto maior a atividade metabólica de um tecido, maior é a taxa de água que nele se encontra.
Veja a tabela abaixo:

Órgão

Porcentagem de água

Encéfalo de embrião
Músculos
Pulmões
Rins
Ossos
Dentina

92,0%

83,0%

70,0%

60,8%

48,2%

12,0%



- Idade: Geralmente, a taxa de água decresce com o aumento da idade. Assim, um feto humano de três meses tem 94% de água e um recém-nascido tem aproximadamente 69%. Já uma pessoa idosa tem cerca de 70 a 75% do peso corporal. Isso fica evidente no próprio aspecto dos tecidos.


- Espécie: No homem, a água representa 65% do peso do corpo; em certos fungos, 83% do peso é de água; já nas medusas (águas-vivas) encontramos 98% de água. Os organismos mais "desidratados" são as sementes e os esporos de vegetais (10 a 20% de água). Sabemos, no entanto, que eles estão em estado de vida latente, somente voltando à atividade se a disponibilidade de água aumentar.


Nota - 0 teor de água num organismo desenvolvido não pode variar muito, sob pena de acarretar a morte. Calcula-se que nos mamíferos uma desidratação de mais de 10% já é fatal. Veremos mais tarde que os organismos terrestres, já que estão constantemente sujeitos a perdas de água, desenvolveram mecanismos sofisticados que reduzem essas perdas ao mínimo.


- Necessidade de Ingestão de Água:

A necessidade individual diária de água é em torno de 1500-2000 ml.

Está intimamente relacionada ao sal ou sódio. A ingestão excessiva de sal favorece a retenção da água pelo organismo ou edema. O edema se manifesta pelo inchaço das pernas, podendo também ocorrer nas pálpebras.

A retenção de água a nível pulmonar, que ocorre na insuficiência cardíaca, caracteriza o edema pulmonar.

Como na infância, na terceira idade há uma facilidade maior à desidratação.

A doença cardíaca, como a insuficiência cardíaca, pode gerar um estado de retenção de água. Distúrbios renais e gastrintestinais constituem também situações que levam a distúrbios do metabolismo da água, como a insuficiência renal que provoca a retenção de água e as infecções intestinais que provocam a perda excessiva de água ou desidratação.

O diabetes provoca uma perda excessiva de água, através do aumento na eliminação de urina, o que facilita a desidratação. O estado febril aumenta em muito a perda de água. Em situações de febre, diarréia e excesso de eliminação de urina há necessidade de se aumentar o aporte de água.

A utilização freqüente de medicação diurética provoca além da eliminação de água, perda de sódio e potássio.


PROPRIEDADES


A água é muito importante sob o ponto de vista biológico, devido às suas propriedades físico-químicas. Dentre elas, pode-se citar:

- Calor específico: muito alto, Atua no equilíbrio da temperatura dentro da célula, impedindo mudanças bruscas de temperatura, que afetam o metabolismo celular.

- Poder de dissolução: muito grande. É, por isso, considerada o solvente universal. Essa propriedade é muito importante, pois todas as reações químicas celulares ocorrem em solução. Além disso, a água é importante meio de transporte de substâncias dentro e fora das células.


-Tensão superficial:
grande. Moléculas com cargas aderem fortemente às moléculas de água, o que permite a manutenção da estabilidade coloidal.


ÁGUA MINERAL


Água de manancial que contém sais minerais ou gases e que tem sido usada como remédio desde a mais remota antigüidade.

Olho-d'água é o fluxo natural de água que surge no interior da terra a partir de um só ponto ou numa área específica. Pode aparecer no solo ou dentro de cursos d'água, lagoas ou lagos. Os mananciais frios têm origem na atmosfera. Os mananciais quentes são formados a partir do calor da Terra.

Se fossem classificados pelo modo como emergem na superfície, teremos: mananciais de gravidade e poços artesianos. Os mananciais também podem ser assim classificados, de acordo com a natureza dos canais por onde a água corre: 1) de filtração, quando a água se introduz na terra através de areia ou cascalho; 2) tubulares, quando o elemento líquido circula por dutos em forma de tubo e 3) de fissura, nos quais a água se infiltra seguindo diáclases, falhas ou planos de exfoliação. A água que corre por um canal subterrâneo pode ser contaminada se o canal estiver em comunicação com a superfície.

A força dos mananciais depende da estação do ano e do volume das precipitações atmosféricas. Alguns mananciais, muito explorados em balneários, têm valor medicinal por causa dos minerais contidos em suas águas.


ÁGUA TERMAL


É a água que, além de conter sais minerais, sai do solo com temperatura elevada.

O banho com água termal é excelente para a saúde. Essa água limpa os poros da pele, regula as funções intestinais e cura certas lesões dermatológicas (doenças da pele).

No Brasil, existem numerosas fontes de águas minerais e de águas termais.

A FONTE DA JUVENTUDE

Durante a infância, nossas células são cheias de água. Mas, com o passar do tempo, devido a agressões externas e a um processo interno desencadeado pelo próprio organismo, nosso corpo vai eliminando grande parte desta água – de 1,5 a 2 litros por dia, através das fezes, urina e suor. Se não repusermos, o resultado será uma pele sem vida, áspera, descamada e extremamente frágil que, como conseqüência de tudo isso, envelhecerá muito mais depressa.

Entretanto é preciso agir com cautela, nada de exageros. Beber água em excesso pode acabar sendo prejudicial para a saúde, porque durante o seu processo de eliminação, os rins eliminam também sais minerais, principalmente potássio e sódio. Então, quanto mais água ingerir, mais sais minerais estará perdendo.

Para repor estes elementos, alguns especialistas aconselham substituir algumas doses da água pura por sucos de limão, chás, caldos de carnes e leite, fontes ricas em potássio e cálcio. As frutas também são importantes. Uma fatia de melão ou melancia equivale a um copo de água. Iogurtes batidos, verduras, ovos e sopas também devem integrar a lista. Desta forma, além de repor a água perdida, você estará ajudando os seus rins a trabalharem melhor.

INGESTÃO DE LÍQUIDOS / DIETAS

Para os adeptos das dietas, a ingestão de líquidos é ainda mais importante. Isso porque quando reduzimos a quantidades de alimentos, reduz-se também a quantidade de líquidos em nosso organismo. Além disso, durante as dietas, o organismo libera mais água do que o normal, devido à queima de gorduras. Se esta água não for reposta, pode levar a uma desidratação, gerando sintomas como cansaço e irritação.

Os adeptos da malhação devem ingerir um copo de água antes, outro durante e um após cada sessão de ginástica. No caso de exercícios prolongados, procure dar uma parada a cada 15 minutos para reabastecer o organismo com um copo de água e assim repor o liquido que o corpo perdeu através da transpiração.

A Importância da Água no Organismo

A água assume uma função de extrema importância no organismo, assentando todo o metabolismo humano em reações desenvolvidas em soluções aquosas.
A água transporta nutrientes (glicose, lipídios, hidratos de carbono, vitaminas e sais minerais), ajudando a repor os níveis diminuídos de glicogênio muscular e hepático (fígado). A água representa ainda um papel de transporte e eliminação pela urina, dos produtos tóxicos resultantes do metabolismo energético (ex.: ácido láctico).
A propósito da importância que a água representa para o ser humano passaremos a transcrever um artigo publicado num semanário desportivo: "Ainda que a água represente mais de metade da constituição do organismo no adulto, nem por isso o homem sente necessidade de a beber, de uma forma regular e em quantidade suficiente. Isto acontece, porque a sede não é realmente um bom indicador da sua falta e daí a importância de se conhecer o mecanismo e os efeitos da desidratação no organismo.
Assim, quando existe grande vontade em beber água, é porque dela bem se precisa e há algum tempo.
A admissão de água no organismo, faz-se naturalmente pela ingestão direta e, indiretamente, através dos vários alimentos e de outros líquidos da dieta alimentar, que já em si a contêm. Daí que não seja alarmante e facilmente se perceba, como muita gente é capaz de viver e com aparente saúde, passando semanas ou mesmo meses, sem beber um simples copo de água. O estômago do homem, não consegue ingerir de uma só vez, mais do que 1 litro, pelo que, para haver uma reposição adequada deste líquido , o mesmo se tenha de fazer, por várias vezes.
Nas atletas, beber água com freqüência, ao longo do dia, antes, durante e após os treinos ou a competição, é uma necessidade absoluta e não é para os médicos e para os técnicos uma tarefa fácil. Só à relativo poucos anos se modificou o incentivo para que as atletas bebam com regularidade grandes quantidades de líquido, não só para repor as perdas, bem como para antecipar as necessidades.

A desidratação ocorre pela perda, principalmente, de água e de minerais de elevada importância no organismo (sódio, cloro, potássio e magnésio etc…) responsáveis pela excitabilidade nervosa e muscular. Mas a verdade é que a perda destes elementos, através do suor, não é significativa se houver uma adequada reposição de água no organismo.
Nas formas mais ligeiras de desidratação, verifica-se um aumento da temperatura do corpo e da freqüência cardíaca, secura das mucosas da boca e do nariz e fadiga crescente. Nas situações resultantes de esforços prolongados, com perdas abundantes de água e de eletrólitos, a repercussão orgânica poderá ser diferente e grave. Todavia, estas situações vêm sendo cada vez menos freqüentes. Por um lado, porque existe maior informação e melhor conhecimento dos efeitos da desidratação levando as atletas à ingestão parcelar de líquidos. Por outro lado, porque o próprio organismo se defende das perdas abundantes de líquidos. É assim que os rins, por exemplo, responsáveis pelo balanço hídrico e com a ajuda de uma hormona, a aldosterona, fazem com que a água e o sódio sejam retirados e não expelidos do organismo através da urina. por isso se percebe que no final de um esforço físico não se sinta vontade de urinar por várias horas.
Em síntese: a melhor forma de combater os efeitos da desidratação na prática desportiva é a ingestão de líquidos, preferencialmente de água, de forma fracionada e em quantidade. A alternativa à água, continua a ser a própria água, e a utilização de produtos artificiais não pode passar de um complemento e nunca um substituto, como tantas vezes acontece.
Após o referido anteriormente, parecem não restar dúvidas acerca da necessidade de beber água, afim de compensar a sua perda durante o processo de arrefecimento corporal. A questão que agora se coloca é a de quando beber água? Será apenas quando experimentamos a sensação de sede? Será antes, durante ou após uma competição? As respostas a estas questões procuraremos respondê-las seguidamente.

Beber Água Durante as Competições

Começar a beber água logo desde o início da prova, não esperando pelo aparecimento de sede.

A bebida a ingerir deve estar fresca (5-10º C), sem contudo estar gelada (quanto mais fresca a bebida mais rápido é o seu esvaziamento do estômago, sendo mais rapidamente absorvida no intestino). Em climas frios as bebidas poderão estar mornas ou mesmo quentes (chá).

Ingerir pequenas quantidades de líquido em cada tomada (100-150 ml)

A quantidade de líquido ingerido por hora, não deve exceder a capacidade de absorção do intestino (12 ml/kg peso/hora).

Em provas longas (3 horas ou mais), a hidratação deverá ser feita com água, na qual se poderá diluir uma pequena quantidade de glucose ou frutose mas nunca excedendo as 20 gramas por litro de água (solução a 2% para climas temperados).

Desta forma poder-se-á prevenir o aparecimento de hipoglicemia, por esgotamento do glicogênio muscular e hepático. Em climas frios esta solução poderá ser aumentada até 6% e para climas quentes é apenas recomendada água.

Não é necessário a ingestão de bebidas com concentrações elevadas de sais minerais. Ao suar retira-se mais água do organismo que sais minerais, e portanto, embora a quantidade total de sais minerais no organismo diminua, a sua concentração relativa poderá até estar aumentada em vez de diminuída. Se durante a competição for dada água com sais minerais diluídos, poderá aumentar ainda mais a sua concentração, podendo resultar daí cãibras, vômitos e dores de cabeça.

Beber Água Após as Competições

Após a competição o organismo retém líquidos, diminuindo assim a concentração relativa de sais minerais no seu interior, havendo necessidade da sua reposição em conjunto com a água.

Beber água de preferência alcalina, para neutralizar os produtos ácidos produzidos durante a competição. Evitar as águas do Luso; Fastio e Castelo de Vide, pois são águas ácidas.

Mais tarde pode-se também beber um pouco de leite, pois este é também alcalino.

Pode-se juntar um pouco de sal (cloreto de sódio) à água. No entanto é mais prático colocar um pouco mais de sal na 1ª refeição após a competição.

Para reverter o ligeiro déficit de potássio, pode-se beber um copo de suco de laranja ou tomate ou comer uma banana, todos muito ricos em potássio.

Evitar bebidas alcoólicas e bebidas não naturais (colas, laranjadas etc.). Tanto a cerveja como a cafeína (cola, café etc.) são diuréticos e assim, embora ajudem a eliminar, pelos rins, os detritos metabólicos formados durante o trabalho muscular, obrigam os rins a eliminar água e os sais minerais que deveriam ser retidos para compensar a desidratação.

Fatores Críticos para o Desempenho Físico em ExErcícios de Endurance

Sabemos que os principais fatores que limitam o desempenho durante o exercício intenso e prolongado (endurance) são a diminuição dos estoques de carboidratos (açúcares) juntamente com a queda da glicemia (concentração de açúcar no sangue), e a desidratação. É fato que a maioria das reações químicas que ocorrem nas células do nosso organismo dependem do balanço de água e eletrólitos (sódio, cloreto, potássio, magnésio), e que esse balanço é de suma importância para a manutenção da vida, assim como, para a manutenção de um estado orgânico adequado.

Durante o exercício de endurance em ambiente quente (quando a temperatura externa é maior que a temperatura da pele) a evaporação do suor constitui-se no principal mecanismo capaz de levar o corpo humano a uma perda eficiente de calor, dessa forma, esse é transferido continuamente para o meio ambiente à medida que a água é vaporizada a partir da superfície da pele. No entanto, esse fato gera grande perda de água corporal podendo levar a instalação de um quadro denominado de desidratação. A taxa de suor nessas condições pode variar entre 1 a 2 litros por hora ou mais, e é afetada por vários fatores, como temperatura ambiente e umidade relativa do ar, e está amplamente relacionada com a intensidade e duração do esforço, ou seja, quanto mais rápido você corre e mais longa for essa corrida mais você sua, e conseqüentemente perde mais água.

Durante o treinamento de endurance no calor a necessidade diária de água de um atleta pode ficar em torno de 10 a 12 litros, no entanto, não perdemos apenas água quando suamos. O nosso suor é composto principalmente de água e quantidades significativas de eletrólitos (sódio, cloreto, potássio, magnésio) sendo que a maior concentração de íons presente no suor é atribuída ao sódio (Na+), e em segundo lugar ao cloreto (Cl -), ao contrário do potássio (K+) e magnésio (Mg2+) que se encontram em quantidades menores.

Dessa maneira, notamos que uma taxa de suor elevada devido ao aumento da intensidade e duração do esforço, combinada com uma temperatura ambiente e umidade relativa do ar altas, além de implicar em perda de água corporal, irá depletar os depósitos totais de Na+ e Cl - numa extensão muito maior do que qualquer outro eletrólito. De fato, alguns atletas apresentam grandes quantidades de sódio no suor, o que pode ser notado observando suas roupas repletas de manchas brancas devido ao acúmulo de sal. Esses indivíduos deveriam aumentar o consumo de sal nos dias que precedem a competição, além de ter que adicionar sódio em suas bebidas (1g de sal de cozinha para 1 litro de água), e até ingerir comprimidos de sódio durante a competição.

As perdas hídricas durante o exercício de endurance podem levar o organismo do atleta a um estado denominado de "conflito fisiológico", uma vez que durante o exercício, na tentativa de atender às demandas metabólicas do músculo ativo, o fluxo sanguíneo é desviado para o tecido muscular, ao mesmo tempo, no entanto, parte desse fluxo deverá ser direcionada para os tecidos periféricos (pele) para aumentar a perda de calor para o meio ambiente (que ocorre através da evaporação do suor) e evitar o aumento da temperatura corporal. Dessa forma, o coração do atleta terá que trabalhar numa freqüência maior com a finalidade de aumentar o débito cardíaco. Com o aumento da intensidade e duração do esforço associado a um aumento na taxa de suor, o débito cardíaco passa a não dar mais conta da perfusão exigida pelo músculo e pelos processos de regulação térmica (perda de água através da pele). O atleta se vê, então, obrigado a diminuir ou interromper o esforço devido a uma falha em seu sistema de fornecimento de oxigênio para o trabalho muscular e o seu sistema de refrigeração corporal (evaporação do suor).

Assim, fica claro que a ingestão de líquidos é de fundamental importância durante esforços intensos e prolongados principalmente em ambiente quente, e que essa ingestão é capaz de afetar significantemente a performance de atletas de endurance.

Assim sendo, fica o meu recado para os atletas que estão envolvidos em atividades longas e intensas, principalmente em ambientes quentes, no que se refere à ingestão de líquidos:

Treine e aprenda a ingerir grandes quantidades de líquidos se você vai competir em clima quente e úmido;

Quantifique sua perda líquida pesando-se antes e após o treino ou competição, essa diferença é a quantidade de líquido perdido que deverá ser reposta.

Quantifique sua ingestão total de líquidos durante os treinos longos e competições anteriores e compare o ingerido com o perdido, dessa forma você poderá adequar melhor sua ingestão de água. Quanto menor for essa diferença, mais líquido você ingeriu;

Lembre-se "o atleta deve aprender a tolerar o desconforto de carregar maiores quantidades de água em seu estômago, sem perder o ritmo de sua passada, pois só assim conseguirá ingerir grandes quantidades de líquidos, e dessa forma minimizar os efeitos da desidratação e a conseqüentemente diminuição da performance" , palavras do lendário triatleta Mark Allen.